Animais de estimação: afeto que cura.

Quem convive com animais de estimação sabe que o amor pelos bichos pode ser algo transformador. O afeto e a atenção que um animal demanda tornam-se, muitas vezes, uma poderosa ferramenta terapêutica. O recifense Luiz Gustavo Vasconcelos, de 61 anos, é prova disso. O Participante Fachesf convive com animais desde criança e encontrou, no mundo animal, jeitos de resolver diversos problemas ao longo da vida. “Há 30 anos, meu filho começou a ter problemas na escola. Andava bem desanimado. A professora sugeriu que criássemos um animal de estimação e, de fato, a chegada de um cachorrinho em casa foi uma grande motivação para meu filho”, conta Luiz Gustavo.

Hoje, Gustavo e a esposa Alzenilda dividem até o quarto com a cadelinha Maya que conquistou o coração do casal há 11 anos. “Nós filmamos a reação dela sempre que chegamos de alguma viagem. É lindo ser recebido com tanta alegria”, afirma. A necessidade de levar Maya para passear regularmente movimenta a rotina do casal: “Passeamos com ela duas vezes por dia, pela manhã ou no início da noite”. Segundo Luiz Gustavo, o compromisso fixo da caminhada diária é um diferencial oferecido pelos cachorros.

O convívio com animais de estimação pode estimular funções cognitivas como memória, atenção, e até contribuir com a interação social e questões afetivas. Para especialistas em desenvolvimento humano, cuidar de um animal na velhice pode contribuir bastante para qualidade de vida do idoso. De acordo com a professora e psicóloga Sandra Farias, doutora na área de envelhecimento, a rotina gerada pelo cuidado com um cachorro ou gato, por exemplo, pode ser um imenso benefício para quem lida com questões como solidão e perda de memória.

Para Sandra, os animais, de modo geral, demandam uma forma de cuidado que gera uma relação mútua de afeto. Isso pode significar a ocupação de espaços gratificantes na rotina de algumas pessoas. “Quando existe um certo esvaziamento no convívio social, a rotina com um animal de estimação pode contribuir para aumentar o senso de importância, a autoestima e a felicidade”, afirma. O animal também pode contribuir com a sociabilização em alguns casos. “Para quem é mais tímido e retraído, o animal pode acabar ajudando a estabelecer relações ao servir de gatilho para início de conversa com estranhos na rua, por exemplo. Muita gente acaba naturalmente se direcionando ao animal e isso promove uma interação social muito benéfica para a pessoa idosa ”, explica.

A diferença na quarentena

Hugo Moura, geriatra e professor da Universidade Federal de Pernambuco, destaca os benefícios da interação socioafetiva dos animais, especialmente em tempos de pandemia e isolamento social. “O animal pode fazer uma imensa diferença para os idosos que sofrem com a solidão durante a privação de contato social. A troca afetiva que acontece na rotina dos cuidados com o bicho proporciona pequenas felicidades e prazeres no dia, é uma verdadeira terapia”, afirma. O especialista cita um estudo realizado com pessoas entre 10 e 90 anos, que mediu e comparou a frequência cardíaca e pressão arterial, naqueles que conviviam com animais e nos que não tinham esse contato diário. O primeiro grupo  apresentou taxas de frequência cardíaca e pressão arterial mais baixas que o segundo. Segundo o médico, em termos genéricos, é possível afirmar que o convívio com os animais gera bem-estar. “Se não estamos deprimidos, por exemplo, temos mais equilíbrio. Isto vale para o mental e para o orgânico. Ou seja, menos dor, menos desconforto, menos taquicardia, mais tranquilidade. Corpo e mente saudáveis”, salienta.

A psicóloga Sandra Farias pontua que ter um animal de estimação não é indicação “para todo idoso”. É preciso que existam condições físicas e emocionais para cuidar e interagir com o animal, que precisa ter um comportamento compatível com as condições do seu tutor. “Existem animais que demandam cuidados simples, como dar comida e água, a exemplo dos gatos. Cachorros demandam mais atenção. A escolha deve ser direcionada pela preferência do idoso associada às suas condições físicas. Podem ser até dois animais, a depender das condições estruturais, físicas e psicológicas da pessoa, e do ambiente familiar. Cada caso deve ser avaliado individualmente”, explica a psicóloga Sandra Farias.

Depressão ou Alzheimer

Pessoas idosas com diagnóstico de depressão podem se beneficiar especialmente da companhia de um animal de estimação.“A depressão é um sentimento vivenciado de forma muito frequente entre a população idosa, já que os desafios do envelhecimento são variados e ainda existem estereótipos muito negativos com o idoso em nossa sociedade”, afirma Sandra. Caso o animal faleça, entretanto, pode haver o desencadeamento ou agravamento de um possível quadro de depressão. “É natural que o idoso atravesse muitos momentos de luto. É preciso que a família fique atenta para minimizar o sentimento de perda”, comenta.

Para indivíduos com diagnóstico de Alzheimer que tenham memória afetiva com animais na juventude, conviver com um animal de estimação pode ser um excelente recurso terapêutico. “O cotidiano com o pet pode despertar afetividade e ser uma ferramenta valiosa de ocupação, estímulo físico e cognitivo”, conclui Hugo.

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