Quando essa pandemia passar, estaremos todos modificados pelo impacto devastador do vírus na sociedade. Mas talvez um dos campos que mais precise se adaptar para voltar a uma certa normalidade é o que lida com as relações de trabalho. Para muitos profissionais, esse momento pode ser uma grande oportunidade de mostrar o quanto são essenciais para a empresa; para outros, é a certeza que a hora de se reinventar chegou. Comum para todos está a saída (nada voluntária) da zona de conforto (nosso “antigo normal”) e uma grande interrogação: como será o futuro dessas relações?
Karla Godoy, Chief Operating Officer do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) acredita que o futuro oferece para as organizações a imposição da mentalidade das startups, ou seja, times mais autônomos, mais colaboração, comunicação e transparência, aproximação entre os líderes, maior transmissão de segurança, além da gestão do time de forma remota e colaborativa. “A gestão que tínhamos, de comando e controle, já vinha perdendo espaço. Imagine quando voltarmos ao ‘normal’? As pessoas estarão mais ansiosas, mais inseguras, e a relação entre líder e liderado vai ser diferente; a gestão como um todo terá de se adaptar”, afirma.
Nos últimos meses, as discussões sobre formatos de trabalho em casa também ganharam muita força. Empresas que nunca pensaram em adotar o esquema de home office tiveram de se adaptar às pressas. “Sabemos que isso não é algo novo. Mas ainda que seja um modelo eficiente, apenas uma minoria exercia o trabalho em casa e tinha acesso às ferramentas e condições necessárias para atuar onde e quando queriam, com líderes que ajudam, empoderam e recebem o melhor dos seus liderados”, diz Karla.
Com a nova realidade, as empresas já começam a questionar a adoção do home office mesmo após a pandemia, algo que demandará uma transformação na cultura organizacional das organizações. O empresário e escritor do best seller Virando a Própria Mesa, Ricardo Semler, afirma que essas mudanças estão na hierarquia de controle. Antes o importante era ter o funcionário dentro da empresa por 8h, garantindo a integração entre a equipe e o bom desempenho das atividades. Hoje essa relação foi alterada: já não importa onde ou de que horas o empregado realizará a demanda solicitada, desde que a atividade seja concluída com excelência.
Para absorver essas novas perspectivas, a seleção dos funcionários também passará a considerar diferentes questões. Segundo Ricardo Semler, a tendência é uma exigência maior em relação ao comprometimento e ao alinhamento do profissional às práticas da empresa, enquanto o currículo passará a ter uma importância muito menor.
O trabalho pós covid-19
O professor Silvio Meira, doutor em ciência da computação, fundador do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) e presidente do conselho do Porto Digital do Recife, mediou um debate online sobre O futuro das relações de trabalho pós covid-19. Participaram da conversa Luiza Helena Trajano, diretora da Magazine Luiza, Sofia Esteves, a psicóloga consultora de Recursos Humanos, e Karla Godoy (CESAR). O debate na íntegra está disponível aqui.
O que fica evidente no debate sobre as relações de trabalho no mundo pós-pandemia é a importância crescente das ferramentas digitais. Silvio Meira aponta cinco itens essenciais para uma relação saudável nas novas relações de trabalho: cuidado, performance, empatia, compartilhamento e flexibilidade. Vamos juntos?
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